“Estantes emprestadas” – Comunicado

Postagem no seguimento da rúbrica “Estantes Emprestadas” do blog “Que a estante nos caia em cima”

A seguinte mensagem encontra-se encriptada pela Aliança, qualquer tentativa de desencriptação não autorizada será considerada um crime lesa-Humanidade e punido de acordo com a lei.

A última remessa de livros enviada levantou-me bastantes preocupações. Em geral, na minha opinião enquanto especialista cultural, todos eles devem integrar a lista de Itens Culturais Perigosos sem possibilidade de adaptação. O relatório em anexo deverá seguir o mais rapidamente para o Gabinete da Cultura. De qualquer maneira, deixo-te aqui algumas considerações para teres uma ideia do que com que estamos a lidar.

Primeiro de tudo, estão escritos em português, uma língua arcaica e bárbara, com demasiados sinónimos, verbos irregulares, ordens sintáticas variáveis, diferenças gritantes entre a escrita e a oralidade e com inúmeras excepções às regras da própria língua.

As intermitências da Morte
– José Saramago

Se a língua portuguesa já é a salganhada que é, este livro eleva-a aos pícaros da falta de tino ao abastardar todas as normas de pontuação. Nunca li nada assim em toda a minha vida.

O enredo trata do que aconteceria se as pessoas não morressem. Considerando os rumores de imortalidade do terrorista de nome Serralves, penso que a temática deste livro é particularmente perigosa.

Se não fosse esse o caso, a crítica social presente na história, apesar de feita através de fantasias, poderia ser adaptada pelo Gabinete da Cultura para reflectir os defeitos das dos selvagens que renunciaram ao plano da Aliança para se esconderem nos buracos imundos a que chamam de cidades.

Terrarium: um romance em mosaicos
– Luis Filipe Silva e João Barreiros

Eu não chamaria isto de um romance, mas de um delírio por escrito.

Um dos aspectos que consideraria mais perigosos é a obsessão de toda a trama por livros antigos, de outras épocas anteriores à exploração espacial. Acaba por legitimar, falsamente, todos aqueles que insistem em tentar recuperar a cultura pré-Aliança. Cultura essa que ambos bem sabemos por onde levou a Humanidade. Para além disso, esses livros aparecem sempre por canais não oficiais, de maneiras mais ou menos ilegítimas. Penso que não é preciso discorrer mais sobre esta tema, sendo as suas implicações tão óbvias.

Outra questão que me levanta preocupações é a convivência de seres humanos com criaturas extra-sistema solar. Os jovens que não participaram nos horrores da Guerra contra os plissados podem encontrar aí terreno fértil para uma atitude de maior tolerância para com os nossos inimigos . Só a ideia de empatizar com um plissado, ou outra criatura igual, é extremamente errada e perigosa.

Não é possível qualquer aproveitamento deste escrito e todos os exemplares encontrados devem ser destruídos de imediato.

V de Vingança
– Alan Moore

Esta novela gráfica é um panfleto ignóbil, asqueroso, perigoso, que não tem senão como objectivo influenciar as mentes fracas para um mundo horrível do qual tanto queremos escapar.

Fiquei bastante perturbado pela leitura desta propaganda pró-selvajaria que se alguma vez chegar às mãos erradas, só poderá converter-se num foco de problemas.

A personagem principal é um terrorista anarquista teatral, sem qualquer valor pela vida humana que pelo terror pretende convencer a população a revoltar-se contra um governo opressor. É uma clara distorção de todos os valores que se querem para uma sociedade moderna e evoluída. Até a tortura é usada como método válido de converter uma rapariga influenciável para a causa mórbida do terrorista. Todos os actos e frases do terrorista são simbólicos e pretendem atentar contra o mundo mais justo, mais igualitário, mais padronizado. Todo o carisma da personagem desta história tentam mascarar o facto de que ele é o verdadeiro vilão. Não são incomuns as passagens em que o terrorista reeduca a jovem influenciável que falei anteriormente, sendo claro o propósito do autor de reeducar o leitor da história.

Dever-se-á ter em atenção ao surgimento de mais escritos deste Alan Moore, para que sejam subtilmente, mais o mais rápido possível, retirados do mercado. Use os fundos que forem necessários para comprar tais obras.

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